HUMAN - ACTOS CINEMATOGRÁFICOS PARA AS HUMANIDADES

Rede de Comunicação Online

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Mértola Na Presidência do Conselho
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Nas duas semanas que separaram as últimas eleições legislativas das autárquicas, percorri Lisboa a pedido de um Organismo Governamental afecto ao Ministério da Administração Interna, numa grata missão de trabalho, da qual constavam uma série de entrevistas, cujos entrevistados se pronunciassem sobre a pessoa do Ministro Rui Pereira.
Grata a missão, que resultou de um encontro meu com o Cantor João Afonso numa sua actuação em Redondo Vocábulo, no Centro Português dos Refugiados. O departamento de relações públicas deste organismo achou por bem convidar-me a filmar as referidas entrevistas, e a este convite, pelo que pude observar do meritório trabalho do CPR, e embora não existissem pagamentos em vista, não me foi possível outra decisão senão a de aceitar com a maior espontaneidade e sentido de causa.
Percorridos múltiplos locais de trabalho de personalidades da vida pública nacional, recordo duas situações que não quero deixar de partilhar com os leitores e visitantes desta página editorial.
Uma destas situações, foi a que me permitiu encontrar e conhecer o Jornalista e comentador Carlos Magno, cujo trabalho venho a acompanhar ao longo dos tempos, com destaque para o seu programa "Alma Nostra" na Antena 1, em parceria com o psicólogo, Professor Carlos Amaral Dias.
Rangel Lucas, meu amigo desde a juventude, hoje engenheiro de instalação e manutenção de estúdios da RTP, crítico como poucos da vida política portuguesa, em circuito fechado, tem comigo uma eterna discordância que às vezes nos faz discutir acima do tom, a respeito vejam só, das nossas divergências de opinião sobre Carlos Magno. Não me enganei. Nunca uma pessoa, uma vez transportada até nós por um qualquer acaso, do mundo virtual ao mundo real, me correspondeu tanto às expectativas da imagem que dela fazia. É não existirem distâncias humanas ao primeiro contacto. É pôr-se em pé de igualdade à condição do outro, é realizar o trabalho num ápice e fazer sobrar tempo para que o convívio e o conhecimento mútuo sobre os intervenientes na socialização, tome lugar e ocorra antes das despedidas. É fazer questão de não deixar sair ninguém sem um Retrato de família, é deixar ficar a convicção que o encontro foi oportuno e desejado e a esperança de que este voltará a ocorrer. Rangel, claro está, precisará de o saber.
Da Universidade onde Carlos Magno nos recebeu no intervalo de uma aula, apontámos coordenadas para a Presidência do Conselho de Ministros. Uma fluidez inacreditável levou-nos num ápice ao 4º piso do mega edifício da Lapa, para sermos recebidos pelo Secretário de Estado da Presidência. Tive a sensação de estar a entrar numa qualquer Casa do Povo. Pela liberdade de discursos e ausência de regras protocolares. Um àvontade tão espontâneo e familiar, que me trouxe à memória a relação de amizade entre Pablo Neruda e Salvador Allende. Desarrumei o gabinete, mudei as bandeiras portuguesa e europeia de lugar, para compor a minha imagem e realizámos a entrevista.
Findo o trabalho, sem que eu o previsse, pergunta-se-me da voz do titular governamental: E Mértola? Veio de Mértola hoje? Como está Mértola? Apanhado de surpresa, pois jamais podia prever ou imaginar que queriam saber-se notícias de Mértola, ou saber-se com exactidão o dia em que traço o percurso, na Presidência do Conselho de Ministros.
Um dia antes tinha tido uma longa conversa com o Sr. Manuel Barbosa do Monte do Guizo, sobre a escassez de água nos solos e nos horizontes mais próximos. Assim como das cíclicas aflições que atravessam as casas de lavoura da Margem Esquerda do Guadiana. Reproduzi as informações que eu havia recolhido no Monte do Guizo na esperança de que a água de Alqueva venha um dia a chegar aqui... E, de repente, senti que devia deixar também o recado sobre a eterna disputa partidária em Mértola, que com as opiniões ideológicas e os votos re-partidos pelo meio, e ainda uma incrível incapacidade de diálogo político entre as forças mais votadas, ao longo de todo um mandato de 4 anos, se distancia a possibilidade de cooperação e da celeridade no desenvolvimento, originada pela ausência de afectividade entre os actores políticos locais.
E da Cultura, não falaste...? Perguntou exasperada a Guilhermina Bento, depois de lhe ter relatado o episódio... Hãehãia... Nã me digas que nã falaste...! Não falei desta vez mas falo da próxima. Hãehãia...! - Deixa Lá... Também... Com estes dois assuntos resolvidos, todos os outros lhes seguem os passos.
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© Germano Vaz – Sociedade Portuguesa de Autores – 1/2010
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Mértola, 21 de Janeiro de 2010.