HUMAN - ACTOS CINEMATOGRÁFICOS PARA AS HUMANIDADES

Rede de Comunicação Online

domingo, 24 de janeiro de 2010

Mértola - Na Vanguarda do Tempo...!

O Espírito de Serrão, Ou Milagre em SantaAna...
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Depois da fatídica perda de Serrão Martins, como se ela não tivesse sido por si só uma autêntica hecatombe, assistimos, como se num desrespeito colossal pela sua memória e pelos seus ensinamentos, a um fracturar progressivo das relações inter-partidárias, e na consequência deste estranho fenómeno, a um longo percurso altamente lesivo para os interesses das populações no Concelho de Mértola.
No desespero das afirmações ideológicas, travam-se combates tremendos, de uma violência psíquica inaudita, sem que se deixem perceber no fogo que se cruza entre as desargumentações de dois autênticos Clãs, os seus excessos de antipatia e o que isso tem influenciado negativamente o ânimo das populações, desde sempre confrontadas com um maior peso de dificuldades, se as compararmos com a grande parte dos municípios em nosso redor.
Entre as duas forças políticas locais mais influentes, levando à letra a sua crispação lisboeta, fermentada e explosiva logo, escassas semanas a seguir ao 25 de Abril de 1974, disputava-se assim a posse do legado moral de Serão Martins, sem que ninguém desse o braço a torcer no decorrer de todo este tempo incomensurável. Tantas vezes disse, aos responsáveis dirigentes de uma e outra facção, que esta questão fulcral teria de ser profundamente observada, e revistas as suas posições de força, provocadoras de uma inexistência de diálogo, aqui um embaraço primogénito dos novos tempos da democracia.
Eu mesmo, me vi observado e atingido com uma espécie de selo, que me carimbava as costas como Persona Non Grata, por inúmeras tentativas de que esta hipérbole do anti-relacionamento se reconvertesse. Pois, o passo urgente do desenvolvimento não podia estar dependente das fraldas partidárias, nem por ordem ou imitação dos de Lisboa, nem porque as inconsequentes posições de imponderabilidades políticas, devam prejudicar a boa persecução do desenvolvimento e da melhoria crescente do bem estar social e económico das sociedades.
Eu sei também claramente, que isto são matérias que têm de ser revistas em profundidade nos próprios meios académicos. A começar logo, pela excessiva partidarização das associações de estudantes, até às concepções doutrinárias que encerram e libertam truques de cartola, e perfazem toda a formação intelectual em massa, dirigida no sentido unilateral de uma competitividade voraz e altamente egoísta do pensamento contemporâneo.
Partidos, são partidos. São casas de agregação colectivista, grupos com visões estratégicas diferenciadas acerca de um destino a que nunca se chega. O seu dispêndio de energias e o que a sua combustão consome do espaço e da matéria reservados à inspiração de soluções inovadoras para o arrumar da casa e geri-la com um avançado fundo-de-maneio, não tem assim, aberto caminho ao avanço sustentável de Portugal. Cada um, firme e inflexível de que a sua razão ou fórmula é melhor do que a do outro, consomem mais recursos a gerirem os confrontos ideológicos do que a gerarem a contrapartida de riqueza, que os cidadãos investem nos salários brutais dos políticos.
Assim, questiona-se a legitimidade do sistema. Porque ele efectivamente não rende, e deixa atrás do seu percurso uma longa história de alienação de património público de todo um sector empresarial do Estado, que foi investimento de nós todos e debandou para a posse de empresários que constantemente choramingam aos ouvidos do mealheiro público, como se ainda não bastasse esta espécie de banca rota, em que toda a classe dirigente e empresarial no seu conjunto, nos colocaram mais uma vez.
Esta estrutura de segmentos ideológicos expressa no actual formato partidário, tem visivelmente os dias contados. Uma democracia avançada não se sustentará obviamente de apelos a um sistema de partido único, disso Portugal já deu provas de não gostar, mas que os partidos do futuro têm de rever os seus manuais ou manifestos, para corresponderem com a exacta precisão aos desafios e exigências, de cada um e concreto momento da história que estamos a fazer no presente, à lá isso é que têm.
A 16 de Dezembro de 2009, assisti a uma reunião da Câmara Municipal de Mértola, que tinha como ponto principal na ordem de trabalhos, a apresentação das Grandes Opções do Plano para o próximo, actual quadriénio. Decidi participar nessa reunião, na qualidade de cidadão e munícipe, e devo confessar que os primeiros minutos da minha decisão de participar, me atormentaram um pouco. Este sentimento, emergia da possibilidade de virem a registar-se algumas discussões em alta voz, com conteúdos degenerativos aos princípios fundamentais que neste texto venho salientando.
A reunião já decorria quando cheguei. Cumprimentei a mesa com um olhar de afecto e cordialidade, sentei-me e comecei a aperceber-me que estava na frente do milagre que há tantos anos esperava ver materializado. O Presidente Jorge Rosa coordenava os trabalhos e começava por referir que o volumoso caderno de planos que tinha em cima da mesa, tinha sido alvo e objecto de um intenso trabalho de preparação em conjunto com a CDU, segunda força política mais votada e na oposição já há três mandatos consecutivos. Dessa postura de diálogo e trabalho conjunto, resultou a inclusão de 17 pontos do programa eleitoral da CDU, no presente dossier das Grandes Opções do Plano levado a votação, e aprovado por unanimidade nesta mesma sessão. Começámos uma nova Era para os relacionamentos políticos no Concelho de Mértola. Demorou, mas está aí. Nem sempre será muito tarde. Eu iria mais longe, atribuindo pelouros aos vereadores da oposição. Mas, restabelecer e consolidar uma confiança muito abalada e deprimida, pode precisar de mais tempo. Estejam e fiquem cientes todo os dirigentes políticos e seus seguidores, que o passo dado não pode sofrer atropelos. Que este é o único caminho que temos diante dos olhos. Que as populações estão ansiosas, ávidas pela notícia deste enorme avanço. E quem ousar pronunciar ou referir-se à honra e legado de Serrão, não poderá sofrer de inflexibilidades na visão e nos sentidos. Tanto nos sentidos extremados da esquerda, da direita, ou do centro. O que ainda assim terá aval para ser menos intransigente é apenas este: o sentido das humanidades. No fundo, o sentido que Portugal tanto precisa. E este, só se encontra entre todos os portugueses. Ou se se quizer, não naquilo que poderíamos classificar de sua obscuridade, mas sim na clareza que falta pôr a descoberto da sua inteligência.

Mértola, 24 de Janeiro de 2010.
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© Germano Vaz – Sociedade Portuguesa de Autores – 1/2010

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Mértola Na Presidência do Conselho
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Nas duas semanas que separaram as últimas eleições legislativas das autárquicas, percorri Lisboa a pedido de um Organismo Governamental afecto ao Ministério da Administração Interna, numa grata missão de trabalho, da qual constavam uma série de entrevistas, cujos entrevistados se pronunciassem sobre a pessoa do Ministro Rui Pereira.
Grata a missão, que resultou de um encontro meu com o Cantor João Afonso numa sua actuação em Redondo Vocábulo, no Centro Português dos Refugiados. O departamento de relações públicas deste organismo achou por bem convidar-me a filmar as referidas entrevistas, e a este convite, pelo que pude observar do meritório trabalho do CPR, e embora não existissem pagamentos em vista, não me foi possível outra decisão senão a de aceitar com a maior espontaneidade e sentido de causa.
Percorridos múltiplos locais de trabalho de personalidades da vida pública nacional, recordo duas situações que não quero deixar de partilhar com os leitores e visitantes desta página editorial.
Uma destas situações, foi a que me permitiu encontrar e conhecer o Jornalista e comentador Carlos Magno, cujo trabalho venho a acompanhar ao longo dos tempos, com destaque para o seu programa "Alma Nostra" na Antena 1, em parceria com o psicólogo, Professor Carlos Amaral Dias.
Rangel Lucas, meu amigo desde a juventude, hoje engenheiro de instalação e manutenção de estúdios da RTP, crítico como poucos da vida política portuguesa, em circuito fechado, tem comigo uma eterna discordância que às vezes nos faz discutir acima do tom, a respeito vejam só, das nossas divergências de opinião sobre Carlos Magno. Não me enganei. Nunca uma pessoa, uma vez transportada até nós por um qualquer acaso, do mundo virtual ao mundo real, me correspondeu tanto às expectativas da imagem que dela fazia. É não existirem distâncias humanas ao primeiro contacto. É pôr-se em pé de igualdade à condição do outro, é realizar o trabalho num ápice e fazer sobrar tempo para que o convívio e o conhecimento mútuo sobre os intervenientes na socialização, tome lugar e ocorra antes das despedidas. É fazer questão de não deixar sair ninguém sem um Retrato de família, é deixar ficar a convicção que o encontro foi oportuno e desejado e a esperança de que este voltará a ocorrer. Rangel, claro está, precisará de o saber.
Da Universidade onde Carlos Magno nos recebeu no intervalo de uma aula, apontámos coordenadas para a Presidência do Conselho de Ministros. Uma fluidez inacreditável levou-nos num ápice ao 4º piso do mega edifício da Lapa, para sermos recebidos pelo Secretário de Estado da Presidência. Tive a sensação de estar a entrar numa qualquer Casa do Povo. Pela liberdade de discursos e ausência de regras protocolares. Um àvontade tão espontâneo e familiar, que me trouxe à memória a relação de amizade entre Pablo Neruda e Salvador Allende. Desarrumei o gabinete, mudei as bandeiras portuguesa e europeia de lugar, para compor a minha imagem e realizámos a entrevista.
Findo o trabalho, sem que eu o previsse, pergunta-se-me da voz do titular governamental: E Mértola? Veio de Mértola hoje? Como está Mértola? Apanhado de surpresa, pois jamais podia prever ou imaginar que queriam saber-se notícias de Mértola, ou saber-se com exactidão o dia em que traço o percurso, na Presidência do Conselho de Ministros.
Um dia antes tinha tido uma longa conversa com o Sr. Manuel Barbosa do Monte do Guizo, sobre a escassez de água nos solos e nos horizontes mais próximos. Assim como das cíclicas aflições que atravessam as casas de lavoura da Margem Esquerda do Guadiana. Reproduzi as informações que eu havia recolhido no Monte do Guizo na esperança de que a água de Alqueva venha um dia a chegar aqui... E, de repente, senti que devia deixar também o recado sobre a eterna disputa partidária em Mértola, que com as opiniões ideológicas e os votos re-partidos pelo meio, e ainda uma incrível incapacidade de diálogo político entre as forças mais votadas, ao longo de todo um mandato de 4 anos, se distancia a possibilidade de cooperação e da celeridade no desenvolvimento, originada pela ausência de afectividade entre os actores políticos locais.
E da Cultura, não falaste...? Perguntou exasperada a Guilhermina Bento, depois de lhe ter relatado o episódio... Hãehãia... Nã me digas que nã falaste...! Não falei desta vez mas falo da próxima. Hãehãia...! - Deixa Lá... Também... Com estes dois assuntos resolvidos, todos os outros lhes seguem os passos.
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© Germano Vaz – Sociedade Portuguesa de Autores – 1/2010
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Mértola, 21 de Janeiro de 2010.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

20 Anos Depois



20 Anos Depois

Hoje foi para mim um dia de enorme alegria. São necessárias de vez em quando, para balanço e equilíbrio do tempo em que a tristeza voraz proveniente das retortas e alquimias degenerativas, não deixa espaço nem vontade, de olhar sequer, a obra dos homens.
Há aproximadamente uns 20 anos, quando a Engenharia do Exército, em articulação com a Câmara Municipal de Mértola, refizeram em terra batida a estrada que liga Amendoeira da Serra ao Pulo do Lobo, observei e senti que, a obra tinha ficado pela metade.
Não me esqueço, havia muitos sectores com enorme carência, para os quais esperavam ávidas as populações, de uma intervenção que lhes alizasse as rochas das ruas, lhes dessem acesso a água, ou ainda naquele tempo, uma miragem como as redes de saneamento.
Seria um abuso, uma ousadia sem ponderação, pensar-se que a edilidade viesse a esvair fundos, num asfalte de luxo, para servir prazeres de turistas e até devaneios de alguns grupos de visitantes, que não percebiam que outras fomes esperavam atendimento.
Mesmo assim, atrevi-me a comentar o tema da estrada percorrida, junto do departamento de obras da Câmara, cujo titular na altura, em virtude de uma amizade ancestral que ainda dura, me permitia proximidade, confiança e aceitação de opiniões, que em alguns casos resultaram transformadas em obras de grande utilidade pública.
Perguntei-lhe então se não teria sido mais rentável, já que se estava com a mão na massa, asfaltar a estrada, uma vez que, pelos meus cálculos, e por não ter a suste-la mais do que a terra que lhe dava a figura, ela estaria com o passar-lhe por cima duas ou três invernadas, desfeita, a precisar de outra intervenção semelhante.
O argumento de resposta centrou-se na perspectiva estética. Uma tira de asfalto negro, num percurso que se queria o mais selvagem que pudesse ser, não era visualmente aceitável, e eu remeti-me para a minha missão de achador de causas e seus efeitos. Desta vez, para além do prazer de partilhar e serem as opiniões ouvidas, nada mais foi possível obter.
Eu tinha realizado uma série de viagens ao mundo rural francês, havia pouco tempo e em circunstâncias de trabalho. E o que me levou a fazer tal abordagem acerca da rentabilidade do asfalto, foi o facto de ter observado nessas viagens, que as estradas e caminhos rurais tinham merecido esse tratamento por toda a França. Dir-se-á que imitações do que vem de fora, nos pode fazer perder autenticidade, mas um pecado português enorme, é ser pouco inventivo e quando copia é tarde e a más horas.
Mas nem sempre assim é. Hoje, ao deslocar-me ao Pulo do Lobo, em mais uma das constantes missões de observação documental do território, surpreendeu-me a visão do inédito, por não ter até este instante interceptado qualquer informação sobre o fantástico melhoramento desta importante infra-estrutura. Um autêntico prazer, a facilidade com que cheguei àquele destino de atracções, àquele Cartaz do Município feito de água, de ar e de rochas. E cheguei, com uma poupança incrível de suspensões, pneus e combustível. Para não falar do tempo de caminho, porque cada um pode levar o que quiser, mas que, sem esperar se me reduziu para menos de metade. Lá estava no início o asfalto que visualizei há 20 anos, como se de um sonho conseguido eu tivesse despertado.
Há que ponderar sem demoras, sobre a ferramenta do turismo se tornar aqui a primeira alavanca do desenvolvimento. Com tantos queixumes generalizados sobre a insuficiência da agro-pecuária, com um comércio frágil, dedicado a servir apenas consumos domésticos, é momento de fazer valer sem demora, a sua Natureza Imponente e o seu infindável potencial de Cultura, como índice da Bolsa de Valores de Mértola. Isto é para levar a sério. Tão sério como a necessidade de se reformularem os conceitos, e reeducar massivamente as populações na perspectiva da postura do acolhimento e acerca dos benefícios que seguramente resultarão do exercício de serviços de excelência para um Turismo de Altíssima Qualidade. Aqui está este farnel de ideias para o ajudar...
Parabéns pela obra realizada, de profundo e sentido manifesto.
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Mértola, 18 de Janeiro de 2010
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Copyright: Germano Vaz - World Arts Gallery - Sociedade Portuguesa de Autores - 1/2010



sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Mértola - Artigo Primeiro

Artigo Primeiro

Inicia-se agora este ensaio, que sendo como se anuncia um ensaio, o deixará de ser com o aprumar do passo, e ainda que assim comece, nem por isso deixará de pelo menos tentar, ir à procura de um novo presente, já que os futuros nunca existiram a não ser no imaginário, que revolucione, ou ainda assim, chamando o dever da modéstia, estimule novas fórmulas de gestação para o pensamento e para as humanidades, pois que, ao que assistimos nos últimos 35 anos, que é o sagrado número do tempo que vivemos com um pouco mais de liberdade e de esperança, o défice dela, é excessivo, dado que nem por isso hoje as distâncias geográficas que a separam do primeiro grande centro nevrálgico do país, a sua capital, não são assim tão grandes, que as comunicações, quer electrónicas, quer geográficas, sejam a primeira das culpas pelo engaço de marasmos e outros obstáculos, que a impedem de progredir, ao ritmo que assista e perspective a segurança da vida de todos quantos aqui vieram ao mundo.

Sairá quem quiser sair. E aqueles que optarem pela saída, como aliás sempre tem acontecido, regressarão certamente, movidos pela saudade, pela necessidade de recuperação dos sentidos, pelo que, a sua maioria concluirá, que na presença de condições de formação, labor, vencimento, e serviços clínicos aos quais se lhes possa atribuir tal nome, nem sequer lhes teria passado pela cabeça, ausentarem-se um dia.

É aviltante, perante o desmembramento contínuo de uma sociedade, que a não ser contrariado nos tempos em que reinava a velha carcaça de Santa Comba, de cuja e aberrante gestação percebíamos quão difícil se tornava combater, mais complexo se torna ainda agora, não percebermos, catedráticos e doutorandos firmando o teor de suas teses na desgraça da plebe, seguirem marchando em sincronismo quase militar, com vista à ostentação das suas brilhantes descobertas, para depois as arrumarem numa gaveta ou engalanadas numa vitrina de troféus, e passarem depois à ocupação das cadeiras dos pequenos poderes, que quase sempre são os mais corrosivos, a verem continuar o fluxo das populações em busca de pão escravo, como se numa transumância colossal, em que uns são os proprietários e outros são o gado.

Qual globalização, qual quê...! Este fadário de andar e comerciar pelo mundo, é tão antigo como a verticalidade da espécie humana, desde o tempo em que a ideia de moeda ou o pronúncio dela, era um estorvo para todos quantos sentiam no comércio, um acto de cordialidade, socialização e de estima pela proximidade humana.

Liquidarem a diversidade dos comércios, e descorarem abissalmente umas quantas regras primordiais que devem servir de tampão ao esvair da segurança, da autonomia económica e alimentar dos povos e das nações, é como degradar até ao limiar do desnorte, a diversidade biológica dos eco-sistemas, passo aliás irreversível, creio, para a esterilização irremediável dos sistemas e do Planeta.

Cada comunidade é um biótopo. Perder-se-lhe o feitio é deixar-se de saber o que se é. E as consequências disso, não é preciso ser-se mago ou vidente, sabemo-las todos, ou quase todos, quais serão. Viver sem identidade afectiva com os meios de onde somos originários, é caminhar-se a passo largo para uma civilização de desenraizados, para a qual a vida humana, não tem mais valor, que a cultura dos gangues que proliferam como primeiro aplauso dessa dita globalização.

Que não se desespere, em crítica despodorada ou descabida interpretação, porque as considerações genéricas ou retrato do desvario civilizacional aqui expressas ainda passam ao largo deste terreiro. Sabemos que uma das boas consequências do isolamento interior, é serem-lhe mais demoradas as inquietações que resultam das enormidades dos comportamentos. O que vai sendo por enquanto, uma benção apreciável. Mas o contágio está eminente, e o apetite pelos estilos do desconhecido e do distante, é por demais uma realidade que não devemos ignorar.

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Copyright: Germano Vaz - World Arts Gallery - Sociedade Portuguesa de Autores - 1/2010

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