HUMAN - ACTOS CINEMATOGRÁFICOS PARA AS HUMANIDADES

Rede de Comunicação Online

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O Universo e Nós




Nós e o Universo
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Foi descoberto um outro Sistema Solar a 127 anos-luz. Significa que o que se observou e concluiu hoje da implicada investigação, foi projectado pelos actores cósmicos há 127 anos atrás. Dois cientistas portugueses envolvidos nesta investigação bem sucedida, deram ênfase à notícia que preencheu espaços noticiosos, ilustrada com simulacros animados a 3 dimensões, para encanto e envolvimento dos espectadores, dos menos conhecedores aos mais esclarecidos, dos mais apáticos aos mais entusiastas.
Carl Sagan indicou-nos o caminho. E creiam seguramente que é muito bom termos o “Cosmos” e o “Contacto” à cabeceira, como Bíblias do conhecimento da Existência Universal. Se acreditássemos estarmos sós na imensidão cósmica, já tínhamos desistido da busca. Afinal a navegação extra-estelar, de raiz espectral e ocular, ou até mesmo a navegação pilotada ou telecomandada, esta intra-estelar, teve como impulso inovador, as Navegações Portuguesas Intercontinentais de há 500 anos. E isto, o Universo, não será assim um tão enorme desperdício de espaço e de surpresas, se perante as quais não nos imaginarmos presunçosamente, de si, os únicos filhos ou espectadores.
Dois aspectos interessantes que realçam na nossa existência, um sentimento comum de fatídica esperança e obstruem por consequência o desenvolvimento dos cérebros, parecem oportunos aqui, como espaço de reflexão sobre o peso ou a importância que têm em cada um de nós e da Humanidade inteira no seu conjunto, pelo manifesto e provado titubear do caminho como autênticos cegos, matando e negando felicidade ao outro, colocando o Homem como uma das expressões mais extremistas e perigosas de toda a Criação Universal.
Não quero saber do que possas pensar acerca do pessimismo. O que me importa e o que te deveria interessar a ti, é o realismo. A busca incessante da verdade sobre a nossa real afectação aos demais, e não essa pobreza de disfarces em que escondes os olhos e o coração, e te lança na inércia, nessa semi-paralisia da Obra ou do Pensamento, e procuras arrastar aqueles que não se conformam diante dos desperdícios de energia e de inteligência, em que a construção do actual sistema de gestão e do crescimento te convenceu, de que mais nenhuma forma de organizar e seguir a vida, haveria de se pronunciar por todo o futuro até ao infinito mais profuso.
O primeiro dos aspectos, guarda-se desde a perda da soberania portuguesa para Espanha, depois de um miúdo armado em Rei, ter-se posto a brincar com a vida de um País, a cobro de um conjunto de acéfalos que o autorizaram e outros que o seguiram para Alcácer Quibir. Quis a providência das Origens que por lá ficasse. Quem sai de sua casa com propósitos de ocupar e saquear o espaço e haveres que aos outros pertencem, deveria sempre ter esse exacto e exemplar destino. Resultado: de então para cá, Portugal perdeu o prestígio e a firmeza Universal, que os monarcas anteriores haviam conseguido e projectado sobre o seu nome e sobre o seu espírito. E nunca mais conseguiu levantar-se condignamente dessa avarenta e desastrosa perda. Um dia, talvez possamos abrir mão desta rigorosa disciplina. Porque o Homem já terá aprendido tudo sobre ela. E esta, estará tão orgulhosamente cimentada na formação e nos comportamentos, que polícias e juízes tiveram de instalar produções de fruticultura por falta de trabalho na justiça. E os tribunais foram em alternativa, reconduzidos a escolas de primeira infância.
O outro aspecto, resume-se à transformação de Deus em qualquer coisa de válido e produtivo para as consciências e para o amor, e não habitar nesta presente, ancestral e mórbida disputa de posse da Ordem dos valores e dos sentimentos, de uma espiritualidade reivindicativa e odiosa, que transforma o Mundo em terreiros de batalha, como se lutassem por ouro ou por água. Os infelizes ainda não entenderam, que o que o Planeta tem dá para todos, se for repartido com generosidade ou inteligência, que são uma e outra coisa, uma só.
Posto isto, sobrar-nos-ia ainda tempo para contemplar as flores e as estrelas. E discernir num ápice que aquelas não nascem nem sobreviveriam sem a atenção e a energia destas. Nada que o Homem possa ter interceptado no caminho, como a descoberta e a interpretação da matemática, é de sua autoria. É o Universo que estabelece as regras, até as da matemática. Ao Homem, só é atribuída a faculdade de as interpretar.
A confusão e a mediocridade que paira sobre a substancial utilidade dos parlamentos, cobre os desvios da riqueza criada. Acumulando-a numa balança de desequilíbrios sarcasticamente vergonhosos, permitindo lugar à legalização da legião de escravos que os sustenta, com árduos sacrifícios nas bases da pirâmide da escala das importantices humanas.
Se é pessimismo o que o Universo vos propõe, isso é convosco. Experimentem o optimismo e vão ver as diferenças e os resultados. Mas atenção: Independentemente das suas funções, não haverá homens desiguais na compensação, quando entregues à construção da mesma Obra. Enquanto este parâmetro não for objectivamente avaliado, até hoje a cru em espaços de retórica e de vontade, que vão das religiões até às mais diversas facções da política e da justiça, não haverá sossego. O Universo deixar-nos-á mais sós e perdidos. E Deus não passará de uma mítica invenção onde o Homem apenas esconde e multiplica as suas misérias de espírito. Mas apesar de escolheres o caminho mais tortuoso, eu sei que ainda podes melhorar. Não me venhas dizer depois, que não fiz nada para te ajudar, e prefiras ocupar-te em acções obscuras que visaram o meu próprio extermínio.
Foram descobertos sete planetas, identificadas as suas órbitas. Os padrões de agregação e coordenação do Novo Sistema, são os mesmos que regem o nosso sistema Solar. Os economistas estão demorados a admitir que uma ideia de crescimento eterno e infinito, não tem mais sustentação ou futuro. A mudança impõe-se. É urgente gerirmos os ritmos e fluxos produtivos com inteligência e generosidade. Que, são uma e outra coisa, uma só. Que tal gerir a vertente material a crescimento zero ou só apenas à essência da sustentabilidade, distribui-lo com sensatez, equidade, e antes, investir no crescimento da sensibilidade e das encéfalo-dinâmicas de expressão humanista e solidária. Cuidado: Solidariedade e Caridade, são coisas bem diferentes. A Caridade só tem lugar, porque antes falhou em vós a Solidariedade. Grande parte do nosso insucesso colectivo deve-se ao desvario dos sistemas de ensino e comunicação, com o particular relevo da televisão. Reflictam sobre a necessidade urgente de alteração dos princípios da orientação individual e colectiva. Para que possa continuar a dar-vos frutos e entender-vos filhos dignos do meu nome, aqui assinado, Terra.

Germano Vaz, Mértola 26 de Agosto de 2010.

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